Ao meu ver, parece que temos um artesão,
um religioso e um nobre, reunidos dentro de uma igreja, possivelmente. Parece
que o nobre, a figura vestida de laranja, mostra o projeto de algo que ele
encomendou ao artesão, a figura com a maça, sobre um banco, e o padre parece
ser o beneficiário da obra, ou melhor, ele é o representante do beneficiário,
que seria a igreja.
Era
comum, no final da idade média, e no renascimento, nobres e religiosos
financiarem grandes artistas para obras em seus palácios e igrejas. Temos como
grande exemplo a construção da basílica de São Pedro financiada pelo papa Julio
II, e elaborada por Bramante, Michelangelo e Rafael, os maiores
artistas da época.
Observe o quadro de Emile Jean-Horace
Vernet e compare com a carta do 3 de Ouros, notem as semelhanças.
Bramante e Michelangelo eram rivais, e
disputavam quem pintaria o teto da capela sistina, mas já sabemos que venceu a
disputa. Mas Bramante foi o arquiteto da catedral de São Pedro, ou seja, mesmo
que existisse a rivalidade, houve um acordo, ou melhor, um juiz, o Papa Julio
II, o patrão de ambos, que ordenou os gênios, permitindo que o projeto
saísse do papel.
O que me parece é que o núcleo simbólico
dessa lâmina é a transação comercial, a convergência de interesses que torna
possível a obra, independente de sentimentos. É a oposição do 2 de Ouros sendo
superada e utilizada de forma prática, criando o 3. É a interação de opostos
por algo maior. É a essência do relacionamento, seja de que tipo for, mesmo o romântico, afinal nenhuma relação sobrevive se apenas uma parte se relaciona, é preciso haver interação das duas partes.
Exemplo
de aplicação em leituras
A alguns anos uma consulente me
questionou sobre uma pessoa de seu interesse, e se esta corresponderia a ela. A
carta que saiu foi o 3 de Ouros invertido. Antes de dizer que não, queria
estudar melhor a resposta, fiz leituras paralelas a respeito e então compreendi
o que o tarot estava dizendo naquela carta. O homem em questão não estava
interessado em relacionamento, de qualquer tipo. Ele agia de maneira prática e
superficial com as pessoas ao seu redor, seguindo apenas interesses imediatos.
O sujeito não tinha um amigo sequer, mas tinha muitos colegas e para ele é o
que importava. Ele até tinha um interesse romântico na consulente, mas estava
disposto apenas a levá-la para cama, não querendo se envolver além disso. Esse
foi um exemplo do 3 de Ouros num viés negativo. Porém, tem outro caso, em que
ele foi positivo, sobre uma questão de sociedade comercial, em que esta carta
saiu. Depois de um tempo soube que o consulente estabeleceu um comércio
rentável com outra pessoa, e, apesar das discordâncias, o negócio vai muito
bem.
Quero deixar claro também que esta é a
minha opinião e não representa que o 3 de Ouros, do Waite tarot, seja isso que
eu escrevi. Essas foram apenas as minhas percepções sobre a carta, obtidas
através da minha experiência com ela. Cada tarólogo tem suas próprias
impressões sobre as cartas, e, na minha opinião, observar outros pontos de
vista ampliam nosso horizonte de percepção.
Boas leituras a todos.
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