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segunda-feira, 25 de maio de 2015

10 de Paus



Wesley era um rapaz esforçado, trabalhava das 8hs ás 18hs, de segunda a sexta, fazia faculdade, academia, se desdobrava para estar com a namorada e ainda arranjava tempo para sair com os amigos, nas famosas baladas. Para Wesley o dia tinha que ter umas 30 horas, no mínimo. Mesmo com o tempo espremido, ele conseguia dar conta de tudo, mas não ser ficar esgotado, e para conseguir disposição, Wesley começou a tomar energéticos rotineiramente, além de muito café, dessa forma conseguia se manter no ritmo de suas tarefas.

Um dia, o trabalho foi mais puxado, e ele esqueceu-se de almoçar, saciando-se com muito café e energético. Conseguiu tomar um lanche quando saiu do trabalho, correndo para a faculdade. E continuou sua rotina diária. No sábado haveria uma balada na beira da praia, uma oportunidade perfeita para Wesley mostrar seu corpo perfeito, conquistado á base de muitas horas de academia, muitos suplementos e força de vontade. A festa foi ótima, porém Wesley quase não aproveitou, estava cansado e sonolento. Foi quando um “amigo” veio com uma solução ideal, cocaína. Só assim Wesley conseguiu “curtir” a festa. E a semana foi seguindo.

Wesley trocou os energéticos e a cafeína por cocaína. Ele conseguiu manter seu ritmo muito bem durante alguns meses, porém, foi emagrecendo, e sentindo-se fraco. Ficou assustado quando viu seu corpo perfeito ficar mais delgado. Os músculos que ele demorou tanto para cultivar estavam murchando aos poucos. Para compensar aumentou a quantidade de suplementos e de horas na academia, o que fez ele aumentar também a quantidade de cocaína ingerida para dar conta do novo ritmo. Porém, ele continuou emagrecendo e sentindo-se fraco.

Wesley tornou-se muito irritadiço, brigava com a namorada, pois essa demandava certa atenção, que Wesley não podia (queria) suprir. Ele dava mais atenção ao trabalho e às festas. Cansado do relacionamento, começou a sair com outras pessoas, tornado-se promíscuo. No sexo, começou a perceber que estava ficando impotente, mesmo sendo jovem. Isso o deixou assustado e inseguro, então começou a beber muito, alternando com o uso da cocaína.

Wesley começou a faltar no trabalho, e quando ia, parecia-se com um zumbi; sua saúde estava deteriorada, assim como seu relacionamento.


Wesley agora se encontrava numa situação muito complicada. Ele conquistou tudo o que queria, mas a um preço muito caro, e ao mesmo tempo estava prestes a perder tudo isso. É essa situação que descreve o arcano de 10 de Paus, a conquista de um objetivo a qualquer preço, cujo custo supera em muito os benefícios. É o peso da conquista, querer carregar mais do que consegue, por achar que pode. “Eu aguento” costumam dizer, antes de se quebrarem. É muito comum ver pessoas como Wesley por aí, tentando fazer tudo ao mesmo tempo, e mais cedo ou mais tarde acabam falhando, seja por que não conseguem manter o ritmo ou por que deixaram para trás assuntos importantes, como a saúde, relacionamentos e oportunidades.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

9 DE PAUS


Imaginem que um grande e poderoso exército tomou sua cidade, o que você, sozinho, poderia fazer? A não ser que você seja o super homem, encontrar abrigo longe dos olhos inimigos seria uma decisão prudente e, posteriormente, poderia traçar uma estratégia para combatê-lo ou esperar eles irem embora, se for o caso. É dessa maneira que enxergo a carta de 9 de paus, de uma maneia geral. É a carta do abrigo seguro, a batcaverna do Tarot (até o Batman precisa de uma base secreta para poder lutar contra os vilões). Seria no 9 de paus que o Eremita se esconde? Quem sabe?! Fica um exercício de imaginação!

Quando essa carta aparece nas leituras geralmente mostra uma situação em que o(a) consulente não tem poder suficiente para reverter sozinho naquele momento, que, apesar de seus esforços (que provavelmente foram muitos), ele(a) precisa se retirar da batalha, primeiramente para descansar e curar as feridas, e posteriormente observar o andamento da situação, de longe.

Dependendo da situação, baralho e posição da carta na disposição da leitura, ela pode aconselhar para que o(a) consulente se abrigue, enquanto a situação se resolva sozinha, como que “esperando a chuva passar”. Em outras posições indica o recuo estratégico para um posterior avanço. A carta posterior a esta pode revelar se um novo avanço se faz necessário ou não.


Em uma posição de bloqueio, no uso de cartas invertidas, casa que representa dificuldades ou pelas outras cartas que a acompanham, ela pode demonstrar alguém com receio de agir ou se expressar, alguém que se esconde das próprias vontades, que evita tomar uma decisão para não se expor. Essa posição sai muito frequentemente nas leituras que eu fazia para os meus clientes em questões de sexualidade, quando o(a) consulente tinha medo de seguir seus desejos; é o famoso medo de sair do armário; mas, no geral, é a dificuldade em tomar uma posição, em expressar desejos e opiniões, mantendo-se na “retranca”.


No tarot de Rider Waite, que serviu de inspiração para diversos outros baralhos, a carta de 9 de paus me remete a ideia de uma pessoa machucada, acredito que por causa de uma batalha, e que decidiu se proteger criando uma cerca, que pode ser muito bem entendida como uma trincheira, uma posição de defesa. Aqui, o homem da figura me parece estar vigilante, talvez até um pouco temeroso, com a sua arma na mão, para o caso do inimigo invadir.

As palavras chaves que uso para essa carta são vigilância, paciência, recuo e cautela.
  
Seria interessante meditar sobre essa carta para entendermos o que na nossa vida está nos desgastando, sobre o que estamos nos esforçando inutilmente ao invés de deixar que a situação se resolva. Essa carta não fala sobre ações que não dão resultado, mas que o resultado exige um pouco de paciência e vigilância para acontecer; que toda ação possível já foi tomada.

Como é uma carta do naipe de paus, a questão temporal é geralmente mais rápida do que os naipes de ouros e copas, portanto, o que tiver que acontecer, acontecerá, apenas sente-se e observe, tenha um pouco mais de paciência.





quarta-feira, 11 de março de 2015

8 DE PAUS



     Em grande parte das representações da carta do 8 de paus, no tarot, se veem paus enfileirados e ordenados, o que me trouxe certa dificuldade no começo dos meus estudos, pois eu simplesmente não entendia o que significava a imagem. A maioria das outras cartas tinham desenhos mais intuitivos de uma figura humana fazendo algo, o que tornava mais fácil perceber o consulente dentro de uma situação. Mas aquele 8 de paus era difícil de entender. Será que as pessoas que adaptaram o tarot de Marselha se perderam nessa carta? Ou havia um significado oculto por lá que eu não enxergava?

Depois de diversos estudos e práticas com as cartas eu consegui enxergar um padrão para o 8 de paus, que sempre anunciava uma ação direcionada, um esforço coordenado para que algo fosse expresso. Mas mesmo assim ainda era um tanto vago para eu entender, até que comecei a registrar os significados que essa carta mostrava nas leituras; comunicação oral ou escrita, esforço conjunto e ação ordenada. Então finalmente compreendi que esta carta mostra o esforço coordenado, é o elemento fogo sendo moldado para se alcançar algo, como, por exemplo, escrever as frustrações num diário pessoal ao invés de quebrar tudo ao redor.

Esta ordenação da vontade e da ação abrange um amplo número de atividades, que podem ser desde três pessoas ajudando a empurrar um carro até a escrita de um livro. Eu particularmente gosto do exemplo da orquestra, pois lá é possível perceber diversas pessoas coordenadas para fazerem música, e, além disso, acho interessante que a maioria dos instrumentos e do palco sejam feitos de madeira (paus)!


Quero deixar uma música que aprecio sendo tocada em uma orquestra, para solidificar meu exemplo. Espero que apreciem!




sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A Sorte favorece os audazes (5 de Paus)

Thor luta contra Jormungand (L'univers des dragons, galerie Daniel Maghen, 2008)

Nesta carta de 5 de paus mostra-se uma arquetípica batalha interna de todos nós contras os demônios interiores. No tarot mitológico Jasão luta conta o dragão que guarda o Velocino de Ouro, o grande prêmio. Mas temos outros exemplos na ficção, como Thor que luta contra a monstruosa serpente Jormungand ou, mais modernamente Frodo contra o dragão Smaug. Temos também o mito católico de São Jorge que luta contra um feroz dragão. Diferente da carta da Força, onde prevalece a calma e a paciência para domar uma fera, o 5 de Paus fala de um embate inevitável entre a imaginação e a realidade. Em literalmente enfrentarmos nossos maiores medos para conseguirmos aquilo que tanto queremos. Jasão luta contra o Dragão para reconquistar seu reino usurpado, Thor luta pela glória e para evitar a destruição de seu mundo, Frodo e seus companheiros lutam pela libertação de um reino (incluindo suas riquezas), assim como São Jorge. E assim também foi no início das grandes navegações quando se achavam que a Terra era quadrada e monstros terríveis povoavam o oceano atlântico.

Jasão e Medeia contra o Dragão na carta 5 de Paus do Tarot Mitológico.


Esses monstros gigantes geralmente estão sempre no mesmo lugar, parados, dormindo sobre algum tesouro. Eles são o próprio símbolo da inércia e do medo que nos paralisa de ir para frente e conquistar grandes prêmios pela vida, seja um novo emprego ou um grande amor. Nesta carta específica do tarot mitológico vemos Jasão sendo auxiliado pela feiticeira Medeia, que é alguém que nos ajuda a iluminar e ver o monstro que se esconde em nosso inconsciente. Medeia pode ser um(a) amigo(a), um parente, um(a) terapeuta, um(a) mentor(a), um(a) autor(a) de um livro ou mesmo a nossa própria consciência desperta.

5 de Paus no tarot de Rider-Waite


Em muitas outras cartas de tarot o 5 de Paus é representado como 5 pessoas lutando entre si. Nesta situação o embate está sendo mostrado exteriormente à pessoa, com a carta dizendo a não dar tanta importância para o que as pessoas dizem e pensam, e seguir em frente com seu projeto. Muitos querem se colocar no caminho de sua realização, mas é a pessoa quem consente em deixar-se levar pelas opiniões alheias ou seguir em frente.


A mensagem desta carta portanto é a de agir, mesmo com medo. As recompensas são enormes para quem ousa desafiar a si mesmo.